sexta-feira, 30 de maio de 2008

Sexta é dia de rock'n'roll em Salvador!


Após o sucesso do projeto "Domingos do Batismo" os rockeiros não pensam nem de longe em descanso! Voltarão a se apresentar novamente hoje à noite, na Boomerang, a partir das 22h, num show com Vandex e Dj Bigbross, e já têm shows marcados para as próximas semanas, sendo que um deles será acústico e acontecerá no Balcão Botequim, no Rio Vermelho. O bairro já pode ser considerado a segunda casa da banda, pois todos sabem da satisfação que os rapazes sentem em tocar lá. E a resposta é uma sempre a mesma: um público cada dia mais apaixonado e animado! O valor da entrada é R$15 e não existe consumação mínima. Não tem como perder!

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Entrevista com Pedro Pondé - Ultima parte!


A internet tem constituído a principal ferramenta de divulgação de bandas independentes. Como você vê esse fenômeno?
Eu vejo que é a ferramenta que a gente tem... Mas você não pode jogar todas as expectativas pra internet, você precisa fazer show. Acredito que o show é a maior divulgação que uma banda tem. Ao mesmo tempo, você não pode tirar o crédito da internet e dizer que ela não funciona, porque funciona demais.

Como é sua relação com os fãs?
É bastante íntima. Mas eu não gosto de chamar de fã, prefiro chamar de admirador. Fã parece fanatismo, uma coisa que talvez não faça muito sentido no trabalho que a gente se propôs a fazer. A gente trabalha com uma coisa que no teatro chamam de “quebrar a quarta parede”. Não tem aquele negócio de fingir que tem uma parede entre você e o público e você curtir a luz, o som e esquecer que tem gente ali. É justamente o contrário, o principal ali é o encontro do seu som com aquelas pessoas. E eu também admiro vários artistas, vou ao show deles, procuro prestar atenção e quando eu percebo que algum deles olhou pra mim, me sinto envaidecido. Então eu procuro ser o mais íntimo possível. Mesmo no palco, procuro olhar no olho. E eu odeio canhão de luz, ele cega o artista, que não consegue ver ninguém. Gosto de descer, abraçar, conversar. Só no Orkut eu sou meio lento e preguiçoso, porque eu não tenho intimidade com computador e para digitar sou uma porcaria. Me sinto mal às vezes, porque várias pessoas falam “você é estrela, não responde” e eu digo “ô, foi mal, me desculpe”.

Em outros estados, como é a receptividade do público?
Em cada lugar é diferente. Em Brasília, a gente foi num lugar mais alternativo e a galera curtiu bastante. Em outro lugar, que era mais elitizado, nem achei que tinha muito a ver, a cultura era totalmente cover... Nada contra, mas quando você chega num lugar em que não vê uma banda tocando música própria e você tem um repertório todo autoral ou de versões totalmente diferentes de músicas de outras pessoas, você acaba assustando. Mas o que eu mais gosto é de sair daqui pra assustar também.

Como você vê os estilos axé, pagode e arrocha?
Há uns dez anos, eu tinha uma visão altamente radical. Preconceito tanto com a música axé, pagode ou arrocha, quanto com o público, uma coisa bem imbecil que eu tenho que assumir que tinha. Então fiz um trabalho que não tinha a ver com música com vários “axezeiros” e “pagodeiros”, uma galera bastante animada. Pela galera, eu comecei a perder o preconceito com o tipo de música. Mas eu ainda tenho preconceito com manipulação de massa. O problema não é a música, é a manipulação que se faz com esses tipos de música. Porque não é justo você não dar à população educação, alimentação e saúde, e querer colocar entretenimento no lugar de coisas básicas. A mídia, também, procura vender fácil. E o que é mais fácil vender? A alegria, emoção que se absorve logo. Tanto é que nas propagandas o que mais se vê é o sorriso. Então eu acho que alguns empresários se utilizam da cultura popular e acabam transformando numa coisa pejorativa, para poder lucrar mais e isso acaba sufocando o que o povo cria de mais bacana. Por exemplo, o samba de roda é uma coisa autenticamente baiana. Existem várias formas de dominar a massa, inclusive através da música, e eu não concordo com isso. Mas eu não tenho nenhum preconceito com o ritmo axé ou pagode. Acho que deve existir música pra alegrar também. Só não respeito a forma como o mercado se utiliza disso e sufoca várias outras formas de arte em benefício próprio.

A música “A Rochinha” tem relação com isso?

É, talvez com essa falta de preconceito que a gente tenha com o estilo. Porque várias pessoas que trabalham a semana toda no camelô saem de casa no fim de semana com o teclado, se sentindo o Roberto Carlos, e é a noite deles serem estrelas no Abaeté. Então Israel fez uma música espontaneamente, brincando com um teclado antigo de Tadeu, o produtor, e gravou a “A rochinha” sem saber. Então Tadeu contou a história de um cara que toca teclado no Abaeté e a gente começou a pensar nisso e resolvemos por a música no CD...

Da banda, qual é sua música predileta e por quê?
Um Bravo, porque foi uma música que eu fiz no mesmo mês que eu saí da Scambo, fui expulso da casa que eu morava e perdi minha mãe... Morei num quartinho de zelador na Pituba, e me chamavam de burguês por causa do bairro, mas ninguém sabia que era num quartinho de zelador, com um bocado de escorpião. Eu dormia e acordava no terror quando um fio e cabelo encostava em mim, achando que era escorpião. E tive que ser um bravo ali. Eu tinha um desespero de querer continuar fazendo música e não me dobrar a esse sistema de ser obrigado sempre a fazer o que não suporta o tempo todo só pra sobreviver. Eu prefiro que a dificuldade venha pra eu aprender e acordar, não me render às facilidades e perder minha identidade. Acho que Um Bravo fala sobre isso: pode estar tudo contra você e você vai ter força pra levantar.

Como você analisa a cena alternativa baiana?
É uma cena (risos). Rapaz, eu fui a Recife e eu fiquei besta porque eu vi o carnaval de lá e os artistas de lá, no palco principal, eram aplaudidos entusiasticamente pela população. Vi Nação Zumbi tocando para milhares de pessoas e todo mundo cantando todas as letras com um orgulho enorme daquilo e eu fiquei extremamente emocionado. Antes de eu morrer, se eu conseguisse ver 5% daquilo que eu vi aqui em Salvador, eu ia morrer feliz. Porque eles realmente se valorizam e aqui em Salvador a gente não se valoriza muito. Aqui você não tem espaço pra crescer. Todos os locais são muito pequenos, não há lugar de médio porte. Acho que não tem mercado aqui, ou seja, as bandas não conseguem viver do trabalho musical que fazem e isso é ruim porque acaba frustrando os artistas. Aqui em Salvador também tem a mídia mais voltada pro axé, pro pagode, o que é até natural também, porque eu não posso chegar em Nova Iorque e esperar que lá tenham quarenta e cinco capoeiristas e quinhentas bandas de axé. Aqui o mercado do axé é absurdamente grande e movimenta milhões, então é uma realidade, eu tenho que entender que Salvador é um lugar que tem mais recurso para esse tipo de música. Agora não é o tipo de música que eu quero fazer, então não posso ficar tão frustrado, se eu já tenho esse entendimento. Eu devo tentar fazer meu trabalho aqui e expandi-lo para que a gente possa um dia conseguir viver do que a gente faz, pelo menos. Ao mesmo tempo em que o mercado não existe pra música alternativa, os que conseguem se manter fazendo sua arte não têm nenhuma obrigação com o mercado e isso deixa a arte desses totalmente livre e mais autêntica. Se você vai a São Paulo, onde há mercado para banda alternativa, as bandas já crescem pensando no que é que o mercado compra ou quer. Então você vê quinhentas bandas iguais. Aqui, você vai a quinhentos lugares diferentes e vê o mesmo número de bandas diferentes.

Para fechar, que mensagem você deixa para as bandas alternativas que estão começando?
Ter persistência, fibra... E se sentir que não é sua onda, caia fora logo, não perca tempo porque tem que ter raça mesmo. Então, goste muito do que você ta fazendo, senão vá fazer outra coisa. Porque isso é pra quem ama...

2º Parte da entrevista - Pedro Pondé.


Como acabou fazendo parte do Scambo?
Ralei bastante... Eu fiquei ensaiando com uns amigos, a gente ficou um tempão tocando na minha casa, era tudo improvisado. Depois a gente começou a ir pra estúdio e aí eu estava meio ressentido com o teatro também, então me coloquei bastante pra música nessa época. Aí me chamaram pra fazer um teste pra banda. O teste, que foi o primeiro ensaio foi no Bar Piscina, no Marback. Mas antes eles já tinham tocado com um vocalista amigo deles, mas acho que o cara não conseguiu levar a banda como uma coisa profissional. Eles tinham se afastado e quando se reuniram de novo, decidiram que iam levar o barco sem ele e que a coisa seria mais levada a sério. Eu já vinha numa pegada de teatro, então eu já entrei levando a sério. Cheguei lá e eles colocaram Tigresa (de Caetano Veloso), eu cantei com os olhos fechados, morrendo de medo e quando eu abri os olhos todo mundo tava boquiaberto olhando pra mim e falaram “É, acho que é você!”.

Assim surgiu a Scambo?
É, a Scambo, tempão de Scambo, momentos muito bons e outros muito ruins. Lógico que quando momentos muito ruins começam a superar os muito bons, a gente tem que tomar uma atitude. Era para eu ter tomado a atitude de sair há muito mais tempo e, por qualquer receio ou consideração, acabei engolindo muito sentimento e a situação acabou virando uma bomba. Então, um conselho que eu dou a mim sempre é: assim que acontecer alguma coisa, procurar resolver na hora. A gente procura fazer isso n’O Círculo. Porque às vezes é volume de trabalho, é stress, é tanta coisa que a gente acaba não resolvendo logo os problemas ou acaba resolvendo de forma infantil, com tapinha nas costas. E muitas coisas não se resolvem assim.

Você disse quando saiu do Scambo que não era ouvido...
Não, nem eu, nem o Júnior, nem o Israel...

Exatamente... Foi simplesmente esse o motivo de sua saída?
Ainda tem isso, todo mundo fala do Pedro e na verdade foi uma decisão de três pessoas. Tem aquela coisa do vocal, né? Mas não foi uma coisa do vocal, que deu um estrelismo... Foi uma coisa de três pessoas que estavam ali e não eram ouvidas. Foi uma crise na banda.

Você declarou em entrevista ao iBahia que o projeto O Círculo tem como proposta todos os membros terem a mesma importância e espaço. Mas vê-se que a sua imagem parece destacar-se na mídia e nos shows. Isso não contradiz a proposta inicial?
Não, isso, na verdade, é o vício da mídia. A gente não se coloca dessa forma. O público e a mídia são viciados em vocalistas. É uma questão cultural. A gente procura sempre dar voz a todo mundo e o mais importante: dentro do nosso trabalho e entre a gente, isso funciona totalmente.

Mas o vocalista sempre acaba sendo o cartão de visitas da banda, quem está à frente, por mais que os outros também se destaquem...
Não sei, porque eu gosto bastante de música instrumental. Então, música instrumental não tem cartão de visita? O que ocorre é o vício da mídia. Isso começou com a cultura pop de que é mais fácil vender um do que vender cinco. A mídia faz isso, ela quer vender música mais fácil. Então eu não me importo com o que a mídia quer vender, eu me importo com o trabalho que faço, com o que é real. O que é real é que a gente faz um trabalho junto e todo mundo é respeitado. O que ou como a mídia vende, a gente não tem controle. Mas quem vai ao show consegue ver a interação espiritual e a nossa convicção de que todo mundo está inteiro ali.

O Círculo, em comparação à maioria das bandas do cenário independente baiano, teve uma estréia de grande porte em 2006, ao lado da Nação Zumbi – banda de projeção internacional. A que você atribui isso?
Ao preço legal que os caras fizeram, porque a gente não tem grana para fazer grandes eventos. Se você reparar, o lançamento realmente foi uma coisa grandiosa, mas depois disso a gente não teve coisas tão grandes assim. Quer dizer, teve, mas não organizadas pela gente, porque não dá pra ficar só arriscando o tempo todo. Foi um risco muito grande também, mas há momentos da vida que se a gente não tiver o máximo de coragem possível, fica no caminho. A gente se arriscou bastante, mas deu bastante certo. Não ganhamos grana com aquilo, mas tocamos com uma banda ícone no que a gente acredita.

Sendo independente, como a banda se sustenta? Como se dá o financiamento do grupo, para uso de estúdio e lançamento de CD, além da produção de eventos como o Bahia de Todos Os Sons, no qual a maioria dos ingressos era gratuita?
Bom, a gente faz vários shows na condição de artista contratado. Então, nosso cachê também é bem bacana por conta da história que a gente tem enquanto músico e tudo que a gente já construiu na cabeça das pessoas. Então a gente acaba fazendo caixa pra poder ajudar nesses eventos como o Bahia de Todos Os Sons e procurando parcerias pra fazer que esses eventos aconteçam. É lógico que essas parcerias não chegam a pagar o evento, mas a gente trabalha com coragem o tempo todo pra fazer as coisas. O Bahia de Todos Os Sons acabou sendo um risco também, mas, conceitualmente, acho que a gente atingiu nosso objetivo: mostrar que há uma cena acontecendo. Grana é pendenga mesmo... Taciano dá aula de violão e guitarra, Daniel toca com milhões de bandas e vai pro MAM todo sábado; Júnior tem um emprego, Israel tem uma creche, trabalha com vários guris. Eu tenho o trabalho com propaganda uma vez ou outra, porque se eu pudesse, vivia só de banda. Agora é meio frustrante perceber que o mesmo público que você agrada é o mesmo que chega amanhã e às vezes te magoa com colocações preconceituosas. O Círculo é pra intelectual respeitar e criança entender. Mas a gente não tem aquela coisa do intelectual de “Ah, eu sou foda”, a gente se coloca sempre na condição de “estou tentando entender”, sabe? E também na condição de “eu sou povo também”, todo mundo da banda é de origem simples. Então nossa poesia é toda em cima de realidade. Mas a maioria bota a gente pra cima e é isso que sustenta nosso trabalho.

Vocês estão analisando alguma proposta de gravadora?
Não.

Mas se vier uma proposta, vocês estão dispostos a aceitá-la buscando o sucesso?
É isso, eu quero atingir o maior público, mas o que eu falo é o seguinte: aceitaria tocar no Faustão, o que eu não aceitaria é se o Faustão falasse “Ó, pra tocar aqui, você vai ter que tirar aquela palavra ou vestir aquela roupa”. Na minha arte ninguém mexe. Nem o produtor da gente. Nossa música pode ter cinco ou um minuto, pode falar sobre amor, como de sexo, pode falar sobre o que a gente quiser. Dessa autonomia a gente não abre mão.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Entrevista com Pedro Pondé.


ENTREVISTA – PEDRO PONDÉ
Por Frederico Soares e Bruna Rocha
Pedro Pondé, atual vocalista d’O Círculo, uma das bandas de pop/rock que vem se destacando na Bahia, declara-se um bravo. O ator e ex-vocalista do Scambo, grupo no qual conquistou notoriedade e um considerável número de fãs, nos falou de sua vida pessoal e profissional, sobre sua relação com sua banda, o público e a mídia. Extremamente à vontade e em tom informal, o cantor conta-nos sua história e seus objetivos, e discute o espaço do rock na Bahia. Veja com mais detalhes um pouco da vida de Pedro Pondé na entrevista abaixo.
Foto: por http://www.flickr.com/photos/mbware/


Quando e como surgiu o seu interesse por música?
Rapaz, interesse profissional não tem tanto tempo quanto o interesse natural mesmo. Em casa, meus pais ouviam muita música e eu também sempre gostei muito. Ou seja, isso acabou entrando na minha vida assim meio sem querer. Assim como meus pais me ensinavam milhões de coisas, a música me ensinava milhões de coisas também. Então, tendo os pais trabalhando o tempo todo fora, a criança acaba buscando aonde se segurar. A minha geração foi a primeira que cresceu com a televisão, então a televisão fez um pouco o papel de babá. Mas a minha babá foi a radiola. Minha mãe tava sempre ali, mas a radiola sempre presente. Acho que a música já chegou assim, dando um apoio, desde cedo.

Como você define o som d’O Círculo? Quais são as influências da banda?
Eu não defino o som d’O Círculo, porque a proposta da banda é justamente não ter definição. Se você quiser uma definição ainda assim muito longe da realidade, você vai ter que ouvir a definição de todos, e a partir dessas definições chegar a uma.

Mas em outras entrevistas você falou do Rock Popular Brasileiro...
Isso foi mais para sintetizar o que aconteceu... Acho que rolou uma síntese do rock com a música brasileira há certo tempo, mas não se deu um nome para isso. Paralamas e Los Hermanos já fazem, Chico Science fez... E é importante a gente entender historicamente como isso aconteceu. Há um tempo, se colocasse uma guitarra elétrica numa música de MPB, as pessoas não aceitariam isso bem. Então houve uma reviravolta entre misturar ou não música brasileira com a música de fora e rolou a Tropicália, que mostrou que não se deve ter preconceito quando se trata de arte. Então as coisas vêm se misturando bastante e eu pensei nesse nome... Existe MPB e eu pensei em RPB. O Rock Popular Brasileiro, por ter influência de uma música externa, não é menos brasileiro.

Como ocorre o processo de composição? Em que momentos ou lugares ele ocorre?
Não tem processo... É arte. A arte é muito parecida com a vida porque não tem como prever muitas coisas. Você tenta criar um caminho diversas vezes, um roteiro para que as coisas aconteçam, mas na verdade a gente não tem muito controle sobre isso. A gente tem que ter a técnica preparada, porque quanto mais você se prepara, mais você tem espaço para improvisar e criar. O que a gente se preocupa é isso: sempre estar ativo, sabe? Porque não adianta ficar deitado em casa esperando a inspiração vir... Vindo ou não a inspiração, a gente tá trabalhando. Mas quanto mais trabalhamos, mais ela vem.

Você também é ator...
Sou basicamente ator... Eu não sei se eu sou tão cantor quanto ator...

Então porque você optou por seguir a carreira musical e não teatral?
Na minha vida acontecem coisas muito estranhas... Há muito tempo atrás eu tinha essa ligação com a música e pensei bastante nesse lance de ser vocal quando eu era guri. Depois isso passou e eu comecei a pensar muito em teatro, em cinema... Assistia a uns três filmes por dia desde guri, por isso eu acordava sempre tarde e ia mal na escola até por conta de estar com sono na aula, de ter virado noite assistindo até filme bobo, mas como eu estava doido por cinema, assistia tudo que podia. Então, pensei no teatro muito forte, mas não estava tendo atitude para ir atrás. Já tinha feito teatro na escola, mas ainda não tinha tomado uma atitude definitiva de fazer um curso. Aí aconteceu de ir à casa de um amigo e tinha um professor de teatro lá e eu falei com ele: “Pô, não tenho grana, mas preciso pagar um curso de teatro...”, e o cara “Não, tem um grupo de teatro do SESI, que é de funcionários, você não é filho de funcionário, mas eu vou tentar te encaixar lá”. O curioso que o grupo era basicamente negro e eu tenho descendência negra, mas minha pele é parda – pelo menos foi isso que me disseram no exército. Entrei nesse grupo e teve um conflito, o que chamariam de racismo ao contrário, mas que aconteceu naturalmente... E eu tive que provar que queria muito estar ali.

Rolou preconceito?
Eu não digo que foi um preconceito criminoso, porque as pessoas do grupo passaram por coisas absurdas. Mas eu acho que não existe racismo ao contrário, existe racismo, entende? Nesse contexto desse grupo eles lutaram muito para conquistar aquilo ali e acho que foram maltratados de diversas formas durante a vida inteira... As pessoas ali estavam muito marcadas, a raça negra é muito ferida no Brasil, então rolaram umas reações inesperadas, por reflexo, né? Involuntário. Porque existe uma mídia inteira falando que o preto não pode, que é inferior. E eles estavam ali num grupo formando uma força só pra dizer pro mundo “Estamos aqui, somos fortes, criativos e inteligentes”. De certa forma, eles achavam que a minha cor podia interferir naquela política tão forte que é o alicerce da vida deles. E eu era ousado e, mesmo amador total, em um mês já estava conquistando personagem principal, em dois meses já era o ator principal da companhia, viajando para tudo que é canto. Larguei a escola até por conta disso, no segundo grau, porque se eu ficasse na escola, não viajava. Mas o racismo, nesse grupo, se quebrou logo, foi só o primeiro impacto. A pessoa não é a cor ou o sexo que ela tem, é milhões de outras atitudes. Então, por conta dessas atitudes, eu consegui conquistar as pessoas e elas também me conquistaram. Cresci e aprendi muito nesse grupo. Era no SESI ali no Rio Vermelho, no casarão ainda, e a gente já fazia aula lá antes de ser teatro. A gente era bem adolescente e fazia aula de balé afro, música, dicção, interpretação, clown... Viramos adultos, cidadãos e atores lá dentro.

E qual foi o ponto em que você disse não?
O ponto que eu fui expulso, né? Fui expulso desse grupo que eu amava tanto...

Por quê?
Porque eu senti que a gente estava trabalhando demais pro SESI, fazendo teatro de empresa, e tudo acabou perdendo a qualidade porque a quantidade começou a falar mais alto. Eu fui expulso porque exigia mais ensaios e um pouco menos de teatro de empresa. Os atores às vezes iam para o palco sem saber nem as próprias falas, tinham que improvisar qualquer coisa... Fiquei nessa situação várias vezes e não foi agradável. Era lucrativo para a empresa, mas para mim não fazia o menor sentido. No fim das contas, fui tachado de rebelde, mas eu só queria o melhor para todo mundo ali.

Você gosta de fazer comerciais publicitários?
Eu gosto e sinto falta de fazer teatro – não faço há muito tempo. Quando faço um comercial, para mim, acaba sendo um pouquinho de teatro, porque não deixa de ser um personagem ali vendendo a idéia. Eu me preocupo muito com o que eu vendo também, não faço comercial para qualquer coisa. Já fiz em tempos muito difíceis, porque meus pais já são falecidos, eu só conto comigo mesmo para pagar minhas contas e cuidar da minha filha de seis anos. Então, eu sou bastante utópico e ao mesmo tempo realista. É como o trecho daquela música do Raul Seixas (Eu Também Vou Reclamar), “Dois problemas se misturam/ A verdade do universo/ E a prestação que vai vencer”, entendeu? Quando a gente está na aba dos pais, fica mais fácil ter ideologias inabaláveis e julgar qualquer pessoa. Mas quando você cai na vida real, você vê que tem que ser flexível com várias coisas que não era antes.











terça-feira, 20 de maio de 2008

Chá de Abu em dose dupla.



Banda de RPB (Rock Popular Brasileiro), volta ao palco em dose dupla depois de meses na inatividade. Os caras estarão se apresentando nos dias 07 e 14/06, com as bandas Fridha e Sonora, respectivamente, no IRISH PUB na Barra (em frente ao porto), a partir das 22h. O valor da entrada é R$10, com direito a duas cervejas de cortesia. Imperdível!


*Enquanto houver paixão por música, haverá Chá de Abu.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Saideira infinita - Pirigulino Babilake.


Os rapazes da Pirigulino Babilake estarão se apresentando no próximo sábado, dia 17/05 no Word bar, a partir das 22h. Serão 4h de música sem intervalo, com direito a cerveja dobrada (compra uma, leva duas) até às 23h. A entrada custa R$10 para os homens e R$8 para as mulheres. O grupo traz uma mistura de vários estilos musicais, dentre eles o maracatu, o samba-rock e o baião que dão origem a um novo estilo indefinível, mas que tira todo mundo do chão. Normalmente, nos shows o vocalista costuma recitar poemas de sua própria autoria e também de poetas famosos, deixando a platéia num misto de emoção de euforia. Tendo em sua formação Pietro Leal (voz e violão), Davi Brandão (guitarra), Gugu Pinto (percussão), Guto Miranda (cajon, zabumba e guitarra), Rafael Minduim (bateria) e Vini nunes (baixo), a banda é a pura musicalização de boas energias!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Despedida na Praça Tereza Batista


A banda baiana Cof Damu que está indo gravar o seu 1º CD no Rio de Janeiro, faz o sua apresentação de "despedida" na sua cidade natal (Salvador). O Show acontecerá hoje à noite, a partir das 21h, na Praça Tereza Batista (Pelourinho). Como banda convidada, terá Irmão Carlos e o Catado. Numa bela mistura de Pop/rock com um som mais alternativo a banda conquistou um bom publico em SSA e tem tudo para ganhar o Brasil. Com a doçura da vocal Véu Pater, a energia do baixista Dudare, o Ritmo do Fábio na percussão, o peso suave da guitarra do Eduardo, e por fim a incrível sintonia do teclado de Pedro e da batera de Cláudio, a banda faz um som original, emocionante e animado que tira o publico do chão. Os fãs não podem perder esse "desfeche" que promete ser inesquecível, e para os que não conhecem, vale a pena conferir. Com certeza não vão se arrepender.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Domingos do Batismo!


Após o sucesso do Show de comemoração de 16 anos, que houve no dia 25/04 na Boomerang, os rockeiros iniciam um novo projeto que promete agitar os domingos na casa. Domingos do Batismo é o nome dado aos shows que vão acontecer nos domingos de maio (11/05, 18/05 e 25/05), a partir das 17h, na Boomerang. O nome é uma alusão à musica da Banda "O Batismo" e também um convite àqueles que nunca foram ao show, para irem pela 1º vez se batizar. Diferente dos últimos shows (com exceção do dia 25/04 que foi bem diferente) que tiveram um repertório levemente previsível, com muitas músicas dos álbuns "Bogary" e "Vivendo em grande estilo", esses shows terão mais músicas dos Cd's mais antigos, com uma puxada maior para o rock clássico e com direito a covers incomparáveis dos Beatles e Stones. Alem da presença de convidados como as bandas Aguarraz, Lou e do Dj Djunks. O valor do show é R$10, porém até às 18h, mulher paga apenas R$5. Não há como ficar de fora!


quinta-feira, 1 de maio de 2008

*Sexta-feira Flower*



A Formidável Família Musical estará se apresentando nessa sexta-feira (02/05) no Bar Balcão, a partir das 22h. O cover artístico é R$7 e não existe consumação obrigatória.A banda se encaixa no estilo rock alternativo, e vem inovando o cenário musical baiano com seu estilo "flower music"! Com letras romanticas, alegres e otimistas, alem de um vocalista (Damm) sempre sorridente, os shows são sempre um banho de boas energias para o público! A banda tem forte influencia dos Beatles, o que é bem notavel no novo hit Summertime.